Dizer que a pandemia nos afetou é uma frase subestimada. Mas quando olhamos esse momento da história por meio de uma ótica digital e totalmente voltada para as redes sociais, percebemos que não foi somente na vida fora dos dispositivos móveis que mudou. O consumo das plataformas digitais e uma grande onda de novas tendências e tipos de conteúdo tomou conta dos «jovens» e, ultimamente, foi absorvida não somente pelos «mais velhos», mas também pelas empresas de marketing digital e publicidade. As «dancinhas» se tornaram algo comum e o comportamento dos usuários nas redes mudou para sempre.
Foi pensando nesse assunto que convidamos Bruno Paredes, Gerente de Projetos da AliExpress, uma de nossas contas que vivenciaram essa mudança, no primeiro post colaborativo do blog da B-Young para expor um pouco da sua visão após se deparar com um artigo do site Visual Capitalist, que você pode conferir aqui.
Você deixa o seu perfil geracional atrapalhar nas suas estratégias digitais?
Se tem uma coisa que não é permitida aos que trabalham com mídia e marketing digital, é se acomodar diante das frenéticas atualizações que movimentam esse meio. Além das recorrentes mudanças que acontecem nas plataformas e algoritmos, que acabam por afetar diretamente a nossa maneira de criar estratégias, há um outro fator que é ainda mais importante de se acompanhar de perto e que vejo ser negligenciado por muitos profissionais. Falo do comportamento da nossa sociedade perante o consumo de informações e conteúdos digitais, afinal, tudo parte deste princípio.
Observar a forma como as pessoas se relacionam umas com as outras nos canais sociais é essencial para entendê-las e assim atendê-las, ou seja, é preciso ter a mente livre de qualquer tipo de preconceito e estar aberto para as ressignificações que os produtores de conteúdos orgânicos dão para as plataformas.
É claro que este é um exercício que deve ser feito todos os dias, pois temos a propensão de criar barreiras que acabam por bloquear a nossa percepção do que pode vir a ser ou não tendência nesse mercado. Isso é algo que está diretamente relacionada a nossa forma de enxergar o mundo, que é consequência direta dos nossos hábitos e bolhas sociais. Mas aqui quero chamar a atenção para alguns fatores que, do meu ponto de vista, acabam sendo o que mais nos atrapalham na hora de enxergar o que está mais a frente: o desapego do que é comum ou cômodo para você, e a negação constante de que aquilo que as gerações mais jovens produzem é o que dita regra dentro no nosso mercado. Não há espaço para a ignorância neste meio. Classificar o novo e diferente como algo sem importância e irrelevante pode ser um tiro no pé, uma vez que é exatamente isso que tem sido destaque em cases de sucesso. O histórico nos mostra que, em grande parte, o que é taxado desta maneira acaba prosperando e posteriormente sendo altamente copiado.
A mudança de comportamento de geração para geração é algo que precisamos analisar sem deixar que a nossa percepção de mundo afete este acompanhamento. A evolução natural do consumo de conteúdo é diretamente incentivada pelos rápidos avanços da tecnologia, e não é segredo que isso acaba impactando diretamente a nossa cultura e atividades cotidianas.
Quer um exemplo?
As popularizadas “dancinhas do Tik Tok” são um retrato recente disso. Uma onda que teve início com crianças e adolescentes e que contagiou celebridades, chamou a atenção de grandes marcas e no fim, caiu no gosto das gerações mais velhas.
Lembra-se de quando o Tik Tok surgiu? Quais eram os comentários sobre a plataforma e seus conteúdos? Completamente negligenciado e subestimado. Hoje essa é a plataforma mais original de produção de conteúdo que temos e que transformou o mercado digital, forçando outras plataformas, como o Instagram, por exemplo, a se adaptarem para o mesmo formato com os Reels.
Mas este não é um fenômeno novo, já vimos isso acontecer outras vezes, não é mesmo? Vimos acontecer também com Facebook, Instagram, Snapchat dentre outras.
Já repararam como se dá a evolução de redes sociais focadas em entretenimento, diversão e relacionamento?
1 – Geralmente são os mais novos que a descobrem, com o intuito de criar uma barreira entre os «velhos cringes» e eles.
2 – Conforme essa descoberta ganha proporção, nós, os mais velhos, tentamos entender como funciona e do que se trata. Por muitas vezes reagimos mal, taxando como «algo infantil», mas é só questão de tempo para tomarmos conta do canal social e fazê-lo dele um verdadeiro ambiente repulsivo para quem os descobriu.
É sobre isso! Nós profissionais precisamos nos atentar ao público mais jovem, um target que acaba fugindo dos nossos olhos, muitas vezes por considerarmos que não é uma audiência atrativa por não exercerem um poder de compra tão presente quanto os mais velhos. Aqui volto a dizer que é um erro ignorá-los ou subestimá-los. Precisamos criar o hábito de consumir tudo que é novo e compreender qual é o seu papel dentro desse universo, que tipo de oportunidades o novo pode proporcionar?
É impossível ignorar como estes mais jovens, aqui representados pela geração Z, ditam tendências e transformam o mercado de comunicação, principalmente quando se trata de mídia online. A nossa geração se recusa a ter o envelhecimento como algo positivo. Não sei se é correto dizer que isso é instintivo, mas ao menos parece ser. Sendo assim, há a necessidade comum de se tornar «cool», acompanhar o que está rolando e, por fim, fazer parte disso. Esse é o papel das gerações mais velhas, consolidar e se apropriar do que é novidade.
Dessa forma, cabe ao profissional de comunicação acompanhar tudo que está acontecendo, mesmo que pareça algo bobo, superficial, não promissor ou infantil. Talvez essa seja a chave para se antecipar aos concorrentes e descobrir como utilizar dessas tendências para o benefício da sua marca ou organização.
Com esse assunto em mente, conta para a gente qual a sua visão em relação a como a pandemia impactou o consumo de redes sociais aí do seu lado e o que podemos fazer para melhorar a estratégia digital da sua marca.
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